Comentários de textos de Jacques Lacan
A atividade de comentário de textos replica um dos alicerces fundamentais da Psicanálise, pois tange à transmissão do saber construído num esforço de articulação com a verdade da clínica. A prática de comentário de texto fundou o ensino lacaniano. Na década de 1950, Jacques Lacan propôs que buscassem os conceitos diretamente no textos freudianos, inaugurando pelo comentário de texto o chamado retorno a Freud.
O grupo de leitura acontecia nas dependências da casa de Lacan que elegeu o enigmático caso do “Homem dos Lobos” como primeiro texto da obra freudiana a ser comentado em leitura coletiva (Roudinesco, 1994). Em 1952 debruçou-se sobre o “Homem dos Ratos” realizando um comentário de texto que hoje está publicado sob o título “O mito individual do neurótico”. A lógica de comentários de textos foi posteriormente preservada em seus seminários. Jacques Lacan demandava incansavelmente que todos contribuíssem com seu comentário para fazer avançar o ensino de modo coletivo:
“Eu me endereço aqui àqueles que fazem parte do grupo de psicanálise que representamos. Gostaria que vocês dessem conta que, se ele está constituído como tal, no estado de grupo autônomo, é para uma tarefa que não comporta nada menos para cada um de nós, do que o futuro – o sentido de tudo que fazemos e teremos a fazer na continuação de nossa existência. Se vocês não veem para colocar em causa toda sua atividade, não vejo porque estão aqui.” (Lacan, 1952/53, p. 16)
Assim, conforme a insistência de Jacques Lacan, a atividade de comentário de texto realizada pelo Vox também pressupõe que cada participante inscrito coloque em causa sua atividade e seu compromisso. Cada participante é responsável ativo pela leitura e comentário do texto, contribuindo para a transmissão da psicanálise.
Essa atividade é restrita aos membros e participantes do Vox.
Referências:
ROUDINESCO, Elizabeth. Jacques Lacan: esboço de uma vida, história de um sistema de pensamento. São Paulo: Companhia das Letras, 1994.
LACAN, Jacques. O Mito Individual do Neurótico (1952). Tradução: Claudia Berliner. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008.